quarta-feira, 23 de novembro de 2011

As facções criminosas fazem novas vítimas: os agentes penitenciários

A denúncia é da Ordem dos Advogados do Brasil.
Em muitos presídios quem manda são os presos e os agentes são obrigados a obedecerem.

O Agente Penitenciário Elimar Barros afastou-se do presídio depois de passar 32 horas nas mãos dos presos. “O sentenciado passava por você e dizia: você vai morrer”, diz Elimar, traumatizado com a situação que enfrentou. Ele hoje toma diversos remédios controlados (para pressão, gastrite etc.). “Você entra para trabalhar, mas não sabe se vai sair com vida ou não”, disse Elimar.

Outro agente que, por medo, não quis ser identificado. Esse agente passou mais de 1 ano sem sorrir por ter sido espancado por quase 40 presos ficando com o rosto todo desfigurado, “eu gastei em minha boca em torno de 25 mil reais”, disse ele. “Só me lembro que apanhava e muito e que era muita, muita gente de tudo quanto era lado”. O agente ficou hospitalizado e perdeu 10 dentes. “Eu fiquei aproximadamente um mês sem saber o que tinha acontecido, depois eu fui no psiquiatra, psicólogo. Depois eu vim retornando, voltando, lembrando, recordando, que eu vim realmente saber o que tinha acontecido".

Ameaças de morte, coação e torturas não são novidades para quem trabalha no sistema prisional. Do lado de dentro da muralha, a série de ataques aos agentes preocupa ainda mais depois que foi feito um levantamento das causas de tanta violência. Para o sindicato dos agentes penitenciários, os ataques estão ligados à facção criminosa que dominam os presídios e responsabilizam o governo do Estado.

O Estado, na verdade, esconde o problema da sociedade. Imagina-se que a situação hoje no sistema prisional é tranquila, que está tudo bem, mas na verdade não está. O problema é grave, é gravíssimo. Quem suporta hoje, basicamente, esse problema, sozinho, é o servidor do sistema prisional”, afirmou Jorge Duran (Sind. Func. Sistema Prisional de São Paulo).

Segundo a comissão de direitos humanos da OAB a população carcerária aumentou 1.000%  nos últimos 10 anos e o Estado continua com o mesmo número de funcionário, por isso, há um clima de tensão nas penitenciárias.

Os números do Sindicato revelam que, só este ano, seis (6) agentes foram executados no Estado de São Paulo e que a metade dos funcionários afastados por problemas de saúde sofrem de transtorno mental e comportamental.




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