sábado, 16 de março de 2013

ITAQUITINGA noticiada no UOL



Anunciada pelo governo Eduardo Campos (PSB) como a "maior e mais completa PPP prisional do Brasil", o Centro Integrado de Ressocialização de Itaquitinga (PE) ainda não recebeu um preso sequer.

A unidade, na zona da mata do Estado e com capacidade anunciada para 3.126 presos, começou a ser erguida em outubro de 2009. A promessa era entregá-la no início de 2011. Desde setembro, porém, não há mais operários no canteiro de obras. O lançamento desse projeto, numa PPP (parceira-público privada), foi motivo de festa de Eduardo Campos, potencial candidato a presidente em 2014. Foi anunciado como um marco para o Estado, já que permitiria a desativação de duas das três unidades prisionais que afastam turistas da ilha de Itamaracá, litoral norte pernambucano. 

Em Pernambuco, diz o governo estadual, há 27.630 presos para 9.346 vagas, quase três por vaga, num deficit só superado por quatro Estados (AL, MA, AM e PR), segundo o Ministério da Justiça. 


FALÊNCIA
 
Hoje, em Itaquitinga, o cenário é de abandono, apenas com seguranças no local. A empresa líder do consórcio faliu. Uma outra empreiteira assumirá a construção e a gestão da penitenciária para os próximos 33 anos. Operários ouvidos pela Folha na semana passada disseram que faltam detalhes de acabamento, além de serviços hidráulicos e elétricos. 

Fora da unidade, é possível ver manilhas empilhadas, um cano largo e um andaime. Além disso, apenas o acesso que liga o presídio à BR-101 Norte, em Igarassu, no Grande Recife, foi asfaltado. Os 20 km da sede de Itaquitinga até o presídio, no meio de canaviais, são de terra. 

Orçada inicialmente em R$ 287 milhões, a unidade já custou ao menos R$ 350 milhões. A paralisação do serviço mexeu com a vida da população de Itaquitinga. O armador de ferragem Josinaldo Domingues, 27, começou a trabalhar na construção do presídio em 2009, logo no início das obras. Saiu em 2010, mas dois anos depois já estava de volta. Ficou até abril, quando diz ter percebido que a construtora passava por dificuldades. 

"Começou a ter dificuldade de terminar a obra. Chegou a faltar material", diz Domingues, que afirma não ter recebido ainda o dinheiro da rescisão e do FGTS. Já o pedreiro David Gleidson da Silva, 27, diz ter se oferecido para ser demitido. "Fiquei com medo de perder tudo. Muita gente pediu para ser demitida", diz.

Quem não foi demitido não consegue emprego em outras obras por causa do vínculo com a obra parada. Eles continuam recebendo salário, mas relatam atrasos. "De vez em quando [a empresa], bota um dinheirinho no banco, mas atrasa dois, três meses. Venceu fevereiro e ainda não pagaram", afirma José Teófilo Reis, 33. 

A paralisação prejudicou também os fornecedores. Celso Araújo, 47, diz que entregava 1.800 refeições diárias. Afirma ter investido entre R$ 80 mil e R$ 90 mil para montar uma cozinha no canteiro de obras e hoje fornece só 27 refeições diárias para vigilantes e funcionários do canil. Segundo o empresário, o consórcio deve a ele R$ 240 mil. "Dizem que vão pagar, para ter paciência, ter calma", afirma Araújo.

CONSTRUÇÃO DE PRESÍDIO EM PE SERÁ RETOMADA NESTE MÊS, DIZ GOVERNO veja em FOLHA UOL por DANIEL CARVALHO

 


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